Em suas pesquisas sobre as implicações da cultura na usabilidade de interfaces gráficas digitais, Vanessa EVERS, 2002 tanto confirmou a existência de diferenças no entendimento de símbolos entre os grupos culturais, como percebeu limitações na utilização das variáveis culturais como a de Hofstede, por exemplo. As limitações percebidas não invalidam os esforços feitos até o momento. Na verdade, elas apontam possíveis caminhos para futuros trabalhos nessa área de investigação.
Embora talvez seja possível tornar operacional o complexo conceito de cultura, permitindo sua utilização objetiva na avaliação e projeto de interfaces gráficas digitais, sua internacionalização/localização e o completo atendimento a normas como a ISO 9241-11, duas questões se colocam imediatamente:
• Num ambiente em que as interações pessoais são cada vez mais intensas e freqüentes, inclusive envolvendo pessoas distantes, é fundamental levar em consideração a influência dessas interações no desenvolvimento das culturas (influências entre indivíduos e destes com o ambiente, numa rede de significados, como quer Clifford Geertz);
• Dado o caráter dinâmico da cultura (acelerado pela intensificação das interações) é questionável se o resultado de pesquisas como a de HOFSTEDE, mesmo que representem suficientemente traços culturais significativos, ainda se mostrem atuais.
O desenvolvimento de pesquisas como as empreendidas por Evers levam a crer que o modelo proposto por Hofstede tende a ser alterado. Outros autores recentes, entre eles Fons Trompenaars, holandês como Hofstede e Evers, têm feito tentativas no sentido de produzir novas descrições operacionais de características culturais. Mesmo estas, já empregadas por Evers, têm se mostrado insuficientes (EVERS, 2002).
Referências Bibliográficas
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